CONCLUSÕES

1. A Economia do Futuro depende de todos

O Terceiro Sector em Portugal enfrenta, hoje, um conjunto de desafios que é sobejamente conhecido: (1) Fundofobia – incapacidade de angariação de fundos e diversificação das fontes de financiamento; (2) Modelos de gestão e de negócio obsoletos; e (3) Desempenho político auto-centrado. Todos estes problemas parecem agudizados em períodos de recessão como aquele em que vivemos. Todavia, e como dizia Paul Romer, as crises geram oportunidades que não podem ser desperdiçadas e, de facto, esta é a altura em que o caminho do futuro deve ser encarado com esperança e não como um triste fado desenhado há muita na mão da sociedade civil organizada em Portugal.

Na verdade, o desafio maior colocado às organizações sociais, e em particular à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, tem que ver com a capacidade de passarem a desenvolver a sua actividade num contexto de escassez. A pergunta que urge fazer é: será possível? A resposta foi dada com robustez no Fórum Rostos de Solidariedade: Sim, é possível!

O Terceiro Sector é distinto do mercado (na medida em que este exclui e tem como objectivo maximizar o lucro) e do Estado (que tem como objectivo responder perante os ciclos eleitorais e quem através deles decide). As características identitárias deste sector são únicas e permitem que assuma um papel central na sociedade criando pontes entre os diferentes agentes económicos. Entre outras funções, este Sector é capaz de: (1) estar mais próximo das pessoas; (2) gerar um maior capital de confiança; (3) promover a inclusão social; (4) gerar riqueza colectiva; (5) criar emprego; (6) promover a inovação e o empreendedorismo social; (7) estabelecer redes entre os vários agentes construindo capital social essencial à sobrevivência da sociedade.

Se não existissem organizações como a ISCMST, o que seria de nós? E do nosso futuro? A Economia do Futuro assenta nos pilares da Economia Social: Coesão social, pluralismo e proximidade.

2. Como fortalecer o Terceiro Sector enquanto contributo para uma Economia Sustentável e para a resolução de problemas locais?

Foi dito que o Terceiro Sector enfrenta desafios e que a respectiva resolução exige uma recuperação identitária. Esta recuperação identitária exige novas soluções, isto é, maior flexibilidade nas respostas às necessidades sociais locais através da adopção de novos instrumentos e ferramentas. Algumas soluções foram adiantadas no Fórum: (1) Criação de negócios sociais capazes de gerar valor económico e social; (2) Aposta em soluções colaborativas e na construção de redes sobretudo em áreas onde os fenómenos são complexos e multidimensionais e onde não é possível que uma organização por si só seja capaz de resolver os problemas; (3) admissão de novas competências designadamente nas áreas racionais capazes de temperar a emoção tipíca das decisões na área social; (4) Criação de um novo modelo de gestão capaz de resolver os problemas de agência existentes nestas organizações; (5) Construção de uma Marca Solidária como aposta nas suas vantagens competitiavas; (6) Activar as forças do Mercado e não só Estado para a resolução de problemas sociais; (7) Converter apoios individuais (ex. voluntários) em embaixadores das causas sociais.

3. Soluções locais de Inovação Social

Certificação da qualidade: Criação de redes de qualificação de organizações locais através do aproveitamento de investimentos já realizados cujo custo marginal é relativamente baixo;

Violência doméstica: Criação de unidades concelhias com “tripla” intervenção - (1) prevenção – acções de formação e sensibilização; (2) Intervenção junto dos agressores; (3) Intervenção junto das famílias no domicílio;
Infância e Juventude: reaproveitamento de recursos comuns e de estruturas já existentes para a resolução de novos problemas sociais como, por exemplo, a necessidade de alargamento do horário de resposta fora do período escolar e construção de redes de apoio integrado;

Geriatria e dependência: a maior necessidade de apoio nesta área exige uma reformulação da rede de serviço de apoio domiciliário existente de acordo com as necessidades efectivas das pessoas, a criação de um gabinete de apoio à Terceira Idade, formação a cuidadores formais e informais, implementação de tele-alarme no domicílio, aumento do trabalho em rede e a produção de kits técnicos de apoio à desconstrução de mitos e estereótipos ligados à Terceira Idade;

Gerir o Social: a maior necessidade de sustentar a actividade social deverá passar por – (1) maior partilha de boas práticas; (2) criação de redes interinstitucionais para aumento da eficiência na intervenção social (ex. central de compras comum); (3) aumento na comunicação interna e externa;

Voluntariado: Novas necessidades sociais exigem a activação do capital social que se pode medir, por exemplo, pela participação em actividades sociais. As redes são capazes de gerar externalidades positivas para toda a comunidade. Nesta perspectiva, uma proposta apresentada passa por construir mecanismos de articulação das várias estruturas do voluntariado em escolas, juntas de freguesia, sector empresarial e organizações sociais aproveitando os instrumentos ao dispor de cada um destes actores para a resolução de novos e velhos problemas sociais numa plataforma de georeferenciação das respostas existentes permitindo, desta forma a sua integração e eficiência.

4. Conclusão

A Inovação Social é possível e desejável como forma de resolução de problemas sociais locais e exige: (1) Eficácia – resolução de problemas; (2) Eficiência – fazê-lo ao mínimo custo; (3) Sustentabilidade – de forma sistémica; (4) Escalabilidade – permitindo a sua replicação e o contágio outros actores.

Quem quer fazer de Santo Tirso o primeiro Concelho no Mundo sem Pobreza?

Forum Rostos de Solidariedade